terça-feira, 31 de julho de 2012
domingo, 29 de julho de 2012
Da Serra do Marão ao Douro, a desaguar no Porto.
Ó Serra das divinas madrugadas,
Das estrelas, das nuvens e do vento
E das águias enormes, chamuscadas
Do sol e dos relâmpagos vermelhos!
Ó trágico Marão! Ó serra esfíngica,
De muda e dolorosa face humana,
Com a cauda ondeante sobre o Minho
E as garras sobre a terra transmontana!
Teixeira de Pascoaes, Sombras
A Serra do Marão constitui a
referência paisagística mais importante do território transmontano, por este
motivo foi criada em 19 de Fevereiro de 1958, D.G. nº 41533, a Região de Turismo
da Serra do Marão, agregando os concelhos de aquém e além serra, conciliando os
interesses e as semelhanças dos povos da entrada na província com as da região
de Basto, estendendo-se ainda pelos concelhos durienses de Alijó, Sabrosa e
Murça.
Este
espaço biogeográfico com características únicas, o mais sublime de Portugal,
foi promovido e divulgado como um todo, criando sinergias de reconhecimento que
advieram de presenças constantes nas feiras e eventos do “trade”, com enorme entusiasmo, dedicação e qualidade muito superior
á quantidade dos recursos disponíveis. Criou-se assim, durante cinco décadas,
um produto, uma marca e um destino.
A
atividade turística tem sido apresentada como uma “poção mágica” para resolução das dificuldades do país. Ao longo dos
tempos aparecem inúmeros relatórios, programas de intenções e conselhos de
refutados gurus que constantemente mudam o rumo das agulhas. Tanto fazem e
desfazem ministérios, como secretarias de estado e ultimamente institutos
públicos, consoante as correntes e modas dos tempos ou das ideologias
governativas. Todo este percurso turbulento e ziguezagueante é nefasto para a indústria
em si e para os seus agentes, sejam eles privados ou institucionais.
Contraditoriamente,
nas últimas décadas surgiram apoios financeiros únicos através dos programas
LEADER´s, PRODER´s, QREN´s e outros. Apareceram
agentes implementadores com propósitos e recursos recheados de milhões que
nunca conseguiram implementar nem desenvolver dinâmicas de sustentabilidade do
produto turístico visíveis na região.
Estas
sobreposições e perturbações constantes conduziram, entre outros malefícios, ao términus da Região de Turismo da Serra
do Marão, desta à entidade do Turismo do Douro, passando agora para a Entidade
de Turismo do Porto e Norte de Portugal.
Teremos
urgentemente que voltar às origens servindo autenticidade e proximidade,
conservando a memória coletiva através dos produtos e dos saberes das
populações, potenciando os recursos naturais onde a preservação da qualidade da
água é fundamental, embelezando a paisagem, renovando e regenerando todo o meio
envolvente, promovendo-se a excelência, comercializando a raridade.
No
Marão temos condições únicas, como nos foi demonstrado recentemente por Elísio
Amaral Neves, um ex-Presidente da Região de Turismo da Serra do Marão, o de
melhor memória, que divulgou um trabalho de 1906 onde o Dr. Cerqueira Magro
defendia a criação de uma estância na Serra, explorando as potencialidades das
nascentes do Ramalhoso.
O
Padre Francisco Alves, em 1929, na exposição portuguesa realizada em Sevilha
definia “o transmontano é robusto e
inteligente, habita um clima seco e rigoroso com paisagem vasta. Tem espírito
rasgado e místico”, mesmo que nos tirem os anéis saibamos defender a nossa
cultura e identidade que nos circula na seiva dos dedos.
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