quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Dar vida ao Douro


                           DAR  VIDA  AO  DOURO

Os percursos de Miguel Torga, a agricultura, o turismo, a escola.

A propósito da obra de Miguel Torga e a sua contextualização turística, realizou-se na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, no Ferrão, um debate muito profícuo,  com diversificadas abordagens da situação Duriense.

No meu entender todos os esforços que visem o sucesso da cultura e do turismo na região, só obterão  a excelência se possibilitarem DAR VIDA AO DOURO.

Como ?

Através de uma agricultura moderna, produtiva, rentável e sustentada, que permita a fixação dos jovens à terra, e às suas comunidades de origem, tentando estancar a hemorragia que , durante o último quarto de século, vem levando da região, cinco habitantes por dia.

Através da criação de uma dinâmica económica que permita tornar o rio e as suas margens um factor de progresso e desenvolvimento, à semelhança do Reno Romântico:
    Onde navegam milhares de embarcações com carga, passageiros e turistas que passeiam entre os inúmeros cais e infra-estruturas portuárias.
     Onde nas margens encontramos linhas férreas, serpenteadas  por comboios com vagões carregados ,  e carruagens  apinhadas com turistas de diferentes recursos financeiros.
     Onde existem estradas sinuosas, mas bem alcatroadas, bordejadas por vistosas sebes e eficazmente sinalizadas.
     Onde ao virar de cada curva se descobrem gigantes painéis informativos, apelando à paragem do viandante, com indicações relativas, e à visita a castelos, hotéis de charme,”wine shops “, centros de artesanato, gastronomia ,etc.
     Onde existe um aeroporto de proximidade,  Frankfurt / Hahn  ,uma antiga base aérea adaptada, que sem grandes luxos, mas com muita funcionalidade e informação, permita chegada e partida dos milhares de visitantes oriundos de todo o Mundo.  

A linha  férrea do Douro não pode permanecer fechada a montante do Pocinho, esta via tem que ser urgentemente reaberta, permitindo a circulação das locomotivas até Salamanca. Se  for impossível uma utilização normal, que  seja, no mínimo, para uso turístico / cultural.
É necessário criar uma complementaridade com as estruturas fluviais de navegação. Barca de Alva tem que ser um porto de saída para o Oceano Atlântico. É assim que os castelhanos denominam o seu cais de Vega de Terron.

Somente depois de termos estas potencialidades económicas a funcionar com vida própria e sem artificialismos, é que estamos em condições de obter a máxima rentabilidade na indústria dos sonhos  - o turismo.
 É importante não descurar a actividade cultural.  Divulgando os nossos escritores, conhecendo as aldeias onde nasceram, as escolas que frequentaram, os percursos que calcorrearam, as vivências que os tornaram ilustres e lhes proporcionaram o desenvolver ficcional e inolvidável das suas obras.
Então sim, deveremos saber adornar os factos com a fantasia dos afectos. Valorizar o que temos, mostrar com orgulho o mais profundo de um povo com as suas gentes maravilhosas e um país extraordinário com enormes potencialidades.

A grande homenagem a Torga, a Camilo, a Eça, a Aquilino e tantos outros, deve ser feita por todos nós, mas sobretudo pela Escola.
É, obrigatoriamente, o lugar onde os jovens precisam de contactar com a vida, a obra, os locais, as ideias e os sentimentos dos escritores portugueses. Fazendo-o de uma forma activa, emocionada, vivida e empenhada, substituindo ou complementando os esforços que na  escola actual se fazem no tratamento de certos Dias Mundiais, sem chama, nem brilho, nem alma.

Os temas, os escritores, os locais, os percursos, os sítios da nossa história local, devem ser trabalhados apaixonadamente. Assim se faz  nas turmas nocturnas da Escola Diogo Cão de Vila Real, dos cursos   Recorrente  e  EFA , onde numa conjugação de esforços e desafios  de professores, alunos e Conselho Executivo se dá vida à  obra de Miguel Torga, Camilo Castelo Branco, ao Roteiro da Avenida Carvalho Araújo, à Lenda do Santo Soldado, à Gastronomia Transmontana, à  Linha do Corgo e ao Jardim da Carreira.

É  aliando  escola, economia e sociedade, ás condições  ímpares que a Natureza nos deu que poderemos estabelecer sinergias dinâmicas de desenvolvimento, para enfrentar um futuro de optimismo e de sucesso…na NOSSA TERRA TRANSMONTANA / DURIENSE.


   
HILÁRIO NÉRY DE OLIVEIRA

Professor de História

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