DAR
VIDA AO DOURO
Os percursos de Miguel Torga, a
agricultura, o turismo, a escola.
A propósito da obra de Miguel Torga e a sua contextualização
turística, realizou-se na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, no Ferrão, um debate
muito profícuo, com diversificadas
abordagens da situação Duriense.
No meu entender todos os esforços que visem o sucesso da
cultura e do turismo na região, só obterão a excelência se possibilitarem DAR VIDA AO
DOURO.
Como ?
Através de uma agricultura moderna, produtiva, rentável e
sustentada, que permita a fixação dos jovens à terra, e às suas comunidades de
origem, tentando estancar a hemorragia que , durante o último quarto de século,
vem levando da região, cinco habitantes por dia.
Através da criação de uma dinâmica económica que permita
tornar o rio e as suas margens um factor de progresso e desenvolvimento, à
semelhança do Reno Romântico:
Onde navegam
milhares de embarcações com carga, passageiros e turistas que passeiam entre os
inúmeros cais e infra-estruturas portuárias.
Onde nas margens
encontramos linhas férreas, serpenteadas por comboios com vagões carregados , e carruagens
apinhadas com turistas de diferentes recursos financeiros.
Onde existem
estradas sinuosas, mas bem alcatroadas, bordejadas por vistosas sebes e
eficazmente sinalizadas.
Onde ao virar de
cada curva se descobrem gigantes painéis informativos, apelando à paragem do
viandante, com indicações relativas, e à visita a castelos, hotéis de
charme,”wine shops “, centros de artesanato, gastronomia ,etc.
Onde existe um
aeroporto de proximidade, Frankfurt /
Hahn ,uma antiga base aérea adaptada,
que sem grandes luxos, mas com muita funcionalidade e informação, permita chegada
e partida dos milhares de visitantes oriundos de todo o Mundo.
A linha férrea do
Douro não pode permanecer fechada a montante do Pocinho, esta via tem que ser
urgentemente reaberta, permitindo a circulação das locomotivas até Salamanca. Se
for impossível uma utilização normal,
que seja, no mínimo, para uso turístico
/ cultural.
É necessário criar uma complementaridade com as estruturas
fluviais de navegação. Barca de Alva tem que ser um porto de saída para o
Oceano Atlântico. É assim que os castelhanos denominam o seu cais de Vega de Terron.
Somente depois de termos estas potencialidades económicas a
funcionar com vida própria e sem artificialismos, é que estamos em condições de
obter a máxima rentabilidade na indústria
dos sonhos - o turismo.
É importante não
descurar a actividade cultural. Divulgando
os nossos escritores, conhecendo as aldeias onde nasceram, as escolas que
frequentaram, os percursos que calcorrearam, as vivências que os tornaram
ilustres e lhes proporcionaram o desenvolver ficcional e inolvidável das suas
obras.
Então sim, deveremos saber adornar os factos com a fantasia
dos afectos. Valorizar o que temos, mostrar com orgulho o mais profundo de um
povo com as suas gentes maravilhosas e um país extraordinário com enormes
potencialidades.
A grande homenagem a Torga, a Camilo, a Eça, a Aquilino e
tantos outros, deve ser feita por todos nós, mas sobretudo pela Escola.
É, obrigatoriamente, o lugar onde os jovens precisam de
contactar com a vida, a obra, os locais, as ideias e os sentimentos dos
escritores portugueses. Fazendo-o de uma forma activa, emocionada, vivida e
empenhada, substituindo ou complementando os esforços que na escola actual se fazem no tratamento de certos
Dias Mundiais, sem chama, nem brilho,
nem alma.
Os temas, os escritores, os locais, os percursos, os sítios
da nossa história local, devem ser trabalhados apaixonadamente. Assim se faz nas turmas nocturnas da Escola Diogo Cão de Vila
Real, dos cursos Recorrente e EFA
, onde numa conjugação de esforços e desafios
de professores, alunos e Conselho Executivo se dá vida à obra de Miguel Torga, Camilo Castelo Branco,
ao Roteiro da Avenida Carvalho Araújo, à Lenda do Santo Soldado, à Gastronomia
Transmontana, à Linha do Corgo e ao Jardim
da Carreira.
É aliando escola, economia e sociedade, ás
condições ímpares que a Natureza nos deu
que poderemos estabelecer sinergias dinâmicas de desenvolvimento, para
enfrentar um futuro de optimismo e de sucesso…na NOSSA TERRA TRANSMONTANA /
DURIENSE.
HILÁRIO NÉRY DE OLIVEIRA
Professor de História
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